Como combater a obesidade entre cães


Não faltam citações onde pessoas e bichos gordos se defendem e são defendidos. O fato é que não há problema em ser gordo se esse for o biótipo da pessoa (ou do canino) e se ela estiver dentro dos limites da boa saúde, conforme inclusive enaltecido em canções de artistas diversos como o bluesman Willie Dixon (“fui feito assim, não me chame de gordo/porque fui feito pra conforto, não pra rapidez”), Roberto Carlos (“Gosto de me encostar nesse seu decote quando te abraço/de ter onde pegar nessa maciez enquanto te amasso”), este que vos escreve (“não tema que teu visual não vá me agradar/pois eu tenho braços longos só pra te abraçar/gorda, I love you so”) e o parceiro e amigo Wilson Rocha e Silva (“a cama tem que ranger/sei que os vizinhos reclamam/mas obeso também é gente/os gordos também amam”). Licenças poéticas à parte, o problema é se o ser humano ou canino não estiver confortável consigo mesmo e correr os riscos — alguns graves — da obesidade. Vamos então identificar e corrigir tais riscos.

Seu cão é obeso ou apenas fofinho?

De um modo geral, o canino é saudável e está no peso certo — nem Rei Momo, nem top-model — se suas costelas puderem ser facilmente apalpáveis, houver apenas uma fina camada de gordura sobre a pele, sua cintura for bem visível e sua barriga não for muito proeminente. Os perigos causados pela obesidade incluem problemas respiratórios, sofrimento em clima quente, osteoartrite, pancreatite, diabete, menor resistência em caso de cirurgias, e sobrecarga para o coração, pulmões, fígado, rins e juntas do peludo. Muitas vezes ele já nasce com alguns destes problemas (diabete, baixo metabolismo, hipertireoidismo) que o predispõem à obesidade. A pele do cão obeso pode ficar seca — mas atenção para não confundir com alergias e outros problemas de pele que o bicho possa ter.

Em caso de dúvida, leve o cão ao veterinário; afinal, como já foi dito, obesidade não aparece de repente — nem se cura de repente.

Causas da obesidade canina
Temos as causas inatas já citadas, como hipertireoidismo e baixo metabolismo, e algumas raças têm maior tendência à obesidade e devem ser bem vigiadas neste sentido, como retriever, beagle, buldogue, cocker spaniel, shetland sheepdog e os “salsichas” como basset hound e dachshund. E um dos maiores mitos caninos é o de que cão castrado engorda; na verdade, ele pode acumular gordura por falta de exercício e excesso de calorias durante o pós-operatório, mas não devido à castração em si.

A causa mais óbvia de obesidade canina — e, justamente por ser óbvia, é a mais difícil de se notar — é o bicho estar comendo demais. Alguns cães são realmente doidos para comer; mal o dono termina de encher o pratinho de ração eles o esvaziam várias vezes seguidas. Por sua vez, qual é a causa desta causa, ou seja, por que um cão come demais? Pode ser devido a metabolismo alto, verminoses, carência afetiva, ansiedade, tentativa de chamar atenção, ração pouco nutritiva, medo de ficar sem comida caso haja mais de um cão, ou porque se esqueceram de alimentá-lo por tempo longo demais — ou, ainda, simplesmente porque o dono também come demais, gosta de excesso de “gratificação oral” e faz questão de que seus bichos sigam-lhe o exemplo, especialmente no Natal, a data máxima da obesidade, orgia pagã de perus e panetones em clima mais ou menos cristão (e ainda por cima inventaram chocolates e panetones especiais para cães).

Para citar mais uma vez Roberto Carlos, “tudo que eu gosto é ilegal, imoral ou engorda”. O cão costuma ser igual ao dono: ativo ou preguiçoso, esbelto ou obeso. Nos EUA, cujo presidente às vezes parece não ser Barack Obama e seu “Yes I Can”, mas sim Ronald McDonald e seu “Super Size Me”, não surpreende que haja cada vez mais obesos humanos — e cerca de 45% dos caninos. E o problema não é privilégio dos ianques: segundo algumas fontes, no Brasil a obesidade já afeta 40% dos peludos!

“Comer demais” não implica só quantidade, mas também qualidade (ou falta dela), como rações ou comida muito ricas em gordura e pobres e fibras, além de se ir catando sobras e petiscos a torto e a direito. Por sinal, a primeira coisa que li sobre alimentação canina, lá por volta de 1968, foi justamente “antes errar dando comida a menos que a mais”. E pratinho vazio não significa necessariamente que o canino esteja à beira da inanição; ele pode tê-lo esvaziado há minutos e comer mais, agora, seria gula — ou seja, desnecessário e talvez até prejudicial à saúde se houver problemas como excesso de gorduras ou falta de fibras e vitaminas. Você só deverá manter o pratinho do peludo bem cheio se precisar se ausentar por um período mais longo que o normal.

Prevenção e cura

Sempre comparo caninos a crianças. Desta vez, compararei a pessoas de qualquer idade. O melhor regime e prevenção para todos é o famoso FAB, “fechar a boca” — e, no caso do cão, ignorar-lhe a boca aberta fora de hora. Socialização do canino inclui justamente educá-lo para ele não ficar pedindo comida (e o dono pode precisar educar a si mesmo para não ficar lhe dando comida). O ideal é não nos alimentarmos perto do cão — comer junto com nossos filhos humanos é bom exemplo para estes, mas não para os peludos. Se o cão vier filar boia durante as refeições dos humanos da casa, não se deixe enganar por aqueles olhos pidões de quem não come há meses; dê-lhe no máximo uma lasca praticamente infinitesimal.

Vigie bem o que o canino procura ou ganha de terceiros para comer, especialmente se ele é daqueles que fuçam a mesa e tudo o mais à procura de comida. Não se deixe enganar também pelo pratinho vazio, como já lembrei. Acostume o cão a petiscos saudáveis e de baixo teor calórico, tais como bananas, cenouras ou brócolis. E se você, ao passear com o peludo, não resistir a repartir com ele seu sanduíche ou sorvete, lembre-se de compensar com uma próxima refeição menos farta.

Nada de ficar só no “come-e-dorme”: exercite o cão com caminhadas, passeios, brincadeiras movimentadas, ordens de comando, fazendo-o gastar a energia e calorias que acumulou. E já comentei neste espaço que “melhor que um cão, só muitos”, pelo menos dois, assim fazem companhia um para o outro. Se um cão for deixado sozinho, o mais provável é que ficará paradão, jacarezando ao sol ou encaramujado num canto, porém dois cães se motivarão mutuamente para se exercitarem e gastarem energia.

Também já afirmei, e nunca é demais repetir: havendo qualquer dúvida sobre a saúde e dieta de seu cão, não hesite em levá-lo ao veterinário. Do mesmo jeito que a canção de Roberto pergunta “quem foi que disse que tem que ser magra pra ser formosa?”, vale complementar: canino não precisa ser obeso para ser fofinho. Não precisa e nem deve. Peludo sim, banhudo não!

fonte: http://br.noticias.yahoo.com/blogs/vida-cao/como-combater-obesidade-entre-c%C3%A3es-161419561.html

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